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Padre do DF Acusado de Abusos Sexuais Começará a Ser Julgado Nesta Quinta (15/09)

Foto: Reprodução

Começa nesta quinta-feira (15/09), na Vara Criminal de Sobradinho, o julgamento do padre Delson Zacarias dos Santos, 48 anos, que atuava em uma paróquia do Lago Sul, e foi denunciado por abusos e estupros de vulnerável contra adolescentes, ocorrido entre os anos de 2014 e 2021.

Mesmo com o padre foragido desde agosto de 2021, a Justiça começará a ouvir as testemunhas do processo. Ao menos cinco vítimas aparecem no processo contra o sacerdote. Além do Lago Sul, ele teve passagens em igrejas no Riacho Fundo I e Sobradinho.

O inquérito foi aberto em junho do ano passado, após denúncia de uma das vítimas à polícia. O caso foi investigado pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).

Delson foi enquadrado nos artigos 217-A, § 1; 215-A e 69 do Código Penal. O primeiro dispõe sobre ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos e prevê pena de oito a 15 anos de prisão. Já o segundo artigo, detalha sobre ter conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com alguém mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima. Neste caso, a pena é de dois a seis anos de reclusão.

Relembre
O jovem que denunciou o crime disse a TV Globo ter sofrido abusos aos 13 anos em uma igreja de Sobradinho. Outra vítima também relatou um caso de abuso na casa paroquial. “Ele perguntou se eu achava que conseguia satisfazer uma mulher e se eu me masturbava. Falou para eu abaixar as calças, tentou e parou. Depois agiu como se nada tivesse acontecido”, contou.

O jovem que fez a denúncia relatou que depois de um evento religioso com os coroinhas, o padre o convidou para almoçar com ele e outros integrantes da igreja, mas quando eles foram embora, segundo o rapaz, o sacerdote fez perguntas de cunho sexual: “Ele veio com duas perguntas: se eu me masturbava ou se eu via pornografias. E eu respondi que não, que até então eu não fazia essas coisas e tudo mais”. Depois, de acordo com a vítima, o religioso continuou.

“Logo em seguida, ele pediu para que eu abaixasse as calças para ele ver o meu pênis. A princípio, eu neguei, mas ele insistiu e disse que não faria nada, que não era nada de mais e que não iria acontecer nada além de ver. Aí eu abaixei as calças para ele, ele tocou no meu pênis, eu fiquei super espantado. E ele percebeu esse meu espanto e pediu que eu levantasse de volta”, contou.

O rapaz afirmou ainda que depois do primeiro episódio, os abusos voltaram a acontecer. “Era na sala, era no quarto. Até ele intitulava essas sessões, ele fazia sessões de massagem e dizia ‘vamos para o papo bed’, papo na cama”, relatou a vítima.

Em 2017, de acordo com o relato da vítima, ele foi estuprado pela primeira vez. “Era muita dor, tanto fisicamente como mentalmente mesmo, porque aquilo foi muito invasivo, foi muito ruim”, disse.

A vítima explica que nunca procurou ajuda por ter medo da família e de membros da igreja não acreditarem nele. Mas em 2021, após fazer um acompanhamento com um psicólogo, ele contou para a família o que estava acontecendo. Dias depois, ele procurou a arquidiocese para fazer a denúncia e, em seguida, foi até a Polícia Civil.

O padre está afastado desde o ano passado. “O Sr. Arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa, ao tomar conhecimento da acusação de abuso sexual contra menor feita em desfavor do padre […], providenciou prontamente o seu afastamento cautelar da função paroquial, determinando o afastamento preventivo do seu ofício sacerdotal até o efetivo esclarecimento dos fatos impróprios apontados, e deu início à chamada “investigação prévia”, atualmente em curso.

Além disso o arcebispo, recebeu a suposta vítima e seus familiares em audiência, acolhendo e manifestando sua proximidade de pastor, prestando assistência protetiva e psicológica aos envolvidos, zelando e expressando o compromisso da igreja com a proteção de crianças, adolescentes e pessoas vulneráveis, em consonância com as normas eclesiásticas promulgadas por São João Paulo II, e completadas pelo Papa Bento XVI e, mais recentemente, aperfeiçoadas pelo Papa Francisco, no Motu Proprio Vos estis lux mundi.

A Igreja de Brasília conta com uma Comissão Arquidiocesana de Proteção de Menores e Pessoas vulneráveis, presidida pelo Padre Carlos Henrique.

Nosso compromisso é cuidar que os ambientes de nossas comunidades sejam seguros e confiáveis para as crianças e adolescentes, acolher as vítimas e as testemunhas de eventuais abusos com todo o respeito e cuidado”, disse a Arquidiocese de Brasília em nota.

 

 

*Acorda DF

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