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No DF, pacientes com sonda ficam sem acesso à dieta especial

Pacientes dependentes de sonda gástrica para a alimentação correm o risco de passar fome no Distrito Federal. Há três meses a Secretaria de Saúde não fornece a dieta especial para diversas famílias.

Alice Vitória Oliveira, de 10 anos, enfrenta esse drama. A pequena moradora de São Sebastião (DF) nasceu com o diagnóstico de paralisia cerebral. Desde dos 2 anos de vida, se alimenta exclusivamente por gastrostomia.

Pacientes correm o risco de passar fome:

“Ela corre o risco de ficar desnutrida e não tem outra opção de alimento. Eu tenho dieta para apenas 10 dias. Depois disso, vou ter que racionar a alimentação dela”, disse a mãe de Alice, Daiane Silva Oliveira, 35 anos.

A menina precisa de cinco refeições diárias da fórmula Trophic Fiber. “Vou ter que reduzir para três”, lamentou. Cada pote da dieta custa R$ 130 e dura apenas dois dias. É uma despesa inviável para famílias carentes.

“Pensem nos pacientes. São crianças, idosos, pessoas doentes. A pessoa que contou com a dieta vai passar fome. Pode ficar desnutrida. Pode falecer pela falta de um pote de dieta”, alertou.

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No desespero, muitas buscam doações, inclusive em outras unidades da federação. “Eu fui buscar no Goiás. Não tenho condição de comprar a dieta”, contou Daiane, que também é mãe de outra menina especial.

“Eu fico angustiada. É a única fonte de alimentação dela. O meu coração está muito apertado. A gente está a mercê do governo, para ela sobreviver ou não, se vai morrer ou não. Tenho medo da minha filha passar fome”, chorou.

Bactérias

O drama atinge outras famílias de São Sebastião. Vítima das sequelas de um grave acidente, Ednardo Leite de Oliveira, 64 anos, também depende da alimentação por sonda para sobreviver.

“Com essa dieta a gente consegue evitar que as pessoas acamadas peguem bactérias. Ela é simples, como se fosse um leite em pó diluído em água”, comentou a esposa de Ednardo, a pedagoga Marta Maria Silva, 58 anos.

“Daqui a alguns dias, meu marido não vai ter o que comer. Para alimentar ele, teríamos de gastar R$ 2,5 mil por mês, fora os equipamentos e frascos. Estou indignada”, afirmou.

Câncer, diabetes, Alzheimer e AVC

Segundo Marta, apenas em São Sebastião, pelo menos 46 famílias sofrem com o desabastecimento da dieta pessoal. A exemplo de Raimundo Soares da Silva, 84.

Diagnosticado com câncer de próstata, diabetes, Alzheimer, problemas de coração, Raimundo também sofreu 3 casos de acidente vascular cerebral (AVC).

“É uma situação muito difícil. E, às vezes, falta fralda também. É uma muita luta”, disse Ana Lúcia Oliveira da Silva Cardoso, 56, filha de Raimundo.

Outro lado

O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Saúde sobre o caso. Por nota, a pasta afirmou que o desabastecimento é temporário e já existem processos de compra em andamento.

A pasta não especificou qual é o tamanho do abastecimento e nem quantos pacientes estão sendo prejudicados. A secretaria também não informou quando o problema será sanado.

Leia a nota completa:

“A Secretaria de Saúde esclarece que o processo de aquisição compreende ações realizadas em diferentes áreas da Pasta, relacionadas com a ordenação de despesas, instrução de processos licitatórios, pesquisa de preços, alocação de recursos, autorização de fornecimento, emissão de notas de empenho, entre outras. Essas etapas fazem parte do planejamento da secretaria para a aquisição.

Quando os estoques chegam ao ponto de ressuprimento, o que ocorre, em média, faltando 3 meses e meio para a reposição do estoque, é emitido o pedido de aquisição. As compras respeitam os prazos das leis que regem os processos licitatórios.

Além disso, outros fatores externos também influenciam no processo de compras: indisponibilidade do produto no mercado, ocorrência de atrasos nas entregas dos pedidos programados e inexecução parcial ou total dos pedidos emitidos.

A Pasta destaca que possui dois processos em andamento para a aquisição da fórmula Trophic Fiber, do laboratório Proditec. Um processo regular e outro emergencial, cuja dispensa de licitação já foi aberta. Após isso, o processo passa por uma análise de preço e segue para empenho da Nota Fiscal. A partir desta etapa, a empresa vencedora do certame passa a ter um prazo de entrega do medicamento.

É importante ressaltar que a recomendação da Gerência da Nutrição da SES é de que, em situações de desabastecimento temporário, os nutricionistas prescrevam outros suplementos alimentares, no intuito de complementar a dieta artesanal, preparada com alimentos”. 

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