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Manipulador de resultados atua há 14 anos e já lucrou R$ 300 milhões

William Pereira Rogatto, manipulador apontado como chefe de um esquema de manipulação de resultados durante o Campeonato Brasiliense deste ano, prestou depoimento à CPI de Jogos e Apostas Esportivas, nesta terça-feira (8/10). Aos senadores, ele revelou que sua participação em manipulações já é antiga e que ultrapassa as fronteiras do Distrito Federal.

Atualmente morando em Portugal, William disse por videochamada que já atua no esquema de manipulação há muitos anos. Sua primeira experiência foi em São Paulo, em 2009, em jogos da Série A2 do paulista, 2ª divisão. E que estima que já tenha lucrado R$ 300 milhões com as apostas.

“Estou nisso aí já tem basicamente 14 anos, não é de agora. Hoje explanou por falta de atenção minha, por falta de confiança em algumas pessoas, mas estamos falando isso de dentro da CBF, de dentro das federações. Tenho provas, tenho conversas e tenho vídeos, eu relato tudo. Por isso eu não explanei da primeira vez, não dei a cara porque existiram algumas ameaças”, disse aos senadores.

No depoimento ele disse que foi descoberto porque se desentendeu com uma das pessoas do esquema. E acusou o presidente da Federação de Futebol do Distrito Federal, Daniel Vasconcelos, de fazer parte do esquema.

“Já trabalhei e operei nos 26 (estados) e no Distrito (Federal). Inclusive agora na última, no Distrito, foi onde eu bati de frente com um cara muito forte e a gente vinha naquela luta de poder e eu perdi. E foi onde eu fiquei exposto. E como te falei, o presidente da federação foi o que mais me apoiou em tudo o que eu fiz ”, comentou.

Daniel nega as acusações.

William contou que teve faturamento de R$ 300 milhões com seus esquemas de apostas e que teme ser morto caso revele nomes de pessoas em posições importantes. Ele afirmou que o lucro vinha na derrota e que, por isso, ficou conhecido como o rei do rebaixamento, já que 42 equipes que passaram por suas mãos foram rebaixadas.

De acordo com ele, a sua atuação era focada em times pequenos das séries inferiores e de estaduais. Ele tinha um empresa com diversos jogadores que já faziam parte do esquema e convencia presidentes de clubes, mediante pagamento, a contratar estes atletas. E então os esquemas aconteciam.

Ele disse ainda que em sua equipe havia árbitros, que chegavam a ganhar R$ 50 mil, e assistentes que trabalham no VAR.

Ele contou aos senadores que tem um computador no Brasil com diversas provas e que está disposto a entregá-lo. No entanto, ele não reconhece que comete um crime.

“A política não funciona, o sistema não funciona, eu estou indo contra o sistema. Eu não estou pegando de ninguém. Aquilo é uma máquina onde a máquina me favoreceu e achei uma brecha que vai me dar mais rentabilidade. Eu estou indo em cima do sistema”, contou.

Os senadores pretendem ir a Portugal na próxima semana para se encontrarem pessoalmente com William. A Polícia Federal será acionada para ajudar nos trâmites de segurança.

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