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Falsas? Psicólogo explica atitude do trio de amigas em The White Lotus

Ter relações de amizade que funcionam de maneiras complicadas não é uma experiência individual. Em algum momento, todo mundo vivencia dinâmicas pouco funcionais em grupos de amigos. A situação é tão comum que foi explorada na terceira temporada da série The White Lotus. Na produção, um trio de amigas viaja para um hotel de luxo.

Jaclyn, interpretada por Michelle Monaghan, Laurie (Carrie Coon) e Kate (Leslie Bibb) são amigas desde a época da escola, e protagonizam uma relação que causa incômodo nos telespectadores. Sempre que uma das três se ausenta, as outras fazem comentários maldosos sobre o estilo de vida da terceira integrante — como se elas estivessem se revezando no hábito.

De acordo com o psicólogo Vladimir Melo, o tipo de interação que se destaca entre as três amigas seria a de coalizão – ou seja, quando duas pessoas se aliam contra outra. O fator que predomina na relação entre as três seria a moralidade, ou seja, quando surgem diferenças ideológicas e religiosas, elas são levadas inconscientemente a julgar a outra.

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A primeira vez que a “fofoca” acontece é quando Laurie se ausenta por estar cansada

@thewhitelotus/Instagram/Reprodução

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No início de cada conversa sobre uma das amigas, elas tentam elogiá-la antes de começar a criticá-la

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Laurie e Jaclyn se reunem fora do quarto para falar de posicionamentos políticos de Kate

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As amigas viajavam juntas para se divertir

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Leslie Bibb e Carrie Coon posam juntas para foto de divulgação do seriado

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A atitude é notada quando Kate se torna vítima dos comentários pelo posicionamento político da personagem. Apesar de ela imaginar que seria a única do grupo a estar 100% alinhada com ambas as integrantes, ela é surpreendida pelo “chocante” momento em que as outras duas se isolam para criticá-la.

Por que isso acontece nos amizades?

Vladimir destaca que o motivo por trás da “fofoca” são as próprias inseguranças das pessoas, e do “medo” de serem julgadas. “Isso tem grande valor dentro de um círculo em que a imagem é supervalorizada”, afirma.

Em tais tipos de círculos de amigos, a necessidade de sustentar um ideal diante do resto do grupo é uma cobrança social, sem se tratar de uma questão individual. Ou seja, da mesma maneira que as pessoas temem a cobrança dos outros, elas também são as vigilantes da moral e avaliam o sucesso ou o fracasso alheio.

“Certamente, o status de cada uma depende de como elas administram a imagem no grupo social”, pontua Vladimir, que é doutor em psicologia.

Esse comportamento é guiado por uma autoestima frágil, ancorada nos bens materiais e na beleza corporal. Segundo o terapeuta, o receio de ser exposta e julgada por uma vida íntima fracassada faz com que as amigas decidam se unir para fazer exatamente o mesmo com uma terceira.

A dinâmica pode ser facilmente notada em grupos com maior pressão social, em que a cobrança por uma determinada performance valorizada pelo círculo gera um maior medo de fracasso, especialmente considerando que elas compartilham a mesma origem e educação.

Esse tipo de relação é tóxica?

Esse tipo de comportamento, segundo o expert, só constrói uma relação tóxica quando se torna um padrão. O especialista acredita que é preocupante quando acontece repetidas vezes e as partes se sentem presas ou incapazes de se defender. Caso alguém se veja em uma situação como a retratada, o ideal é buscar de afastar para analisar a situação com mais “distância”, bem como buscar ajuda profissional.

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