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Debate final em SP projeta duelo Boulos x Marçal e bombardeio a Nunes

São Paulo – O último debate da eleição à Prefeitura de São Paulo, promovido pela TV Globo na noite dessa quinta-feira (3/10), mostrou o prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), acuado em meio aos sucessivos ataques dos adversários e projetou confrontos entre o deputado federal Guilherme Boulos (PSol) e o influenciador Pablo Marçal (PRTB), cotados a avançarem para o 2º turno da disputa na capital paulista.

Horas antes do debate da Globo, o 11º da eleição paulistana, a pesquisa Datafolha mostrou uma oscilação positiva de Boulos (26%), crescimento de Marçal (24%) e queda de Nunes (24%). Os três estão tecnicamente empatados na liderança, mas as campanhas, nos bastidores, já trabalham com a possibilidade de que o psolista e o candidato do PRTB fiquem na frente no 1º turno, que ocorre no domingo (6/10).

Boulos, inclusive, buscou um acerto de contas com o influenciador, que o acusou, sem apresentar provas, de usar cocaína durante toda a campanha, e levou um exame toxicológico relativo aos últimos 180 dias para comprovar que não faz uso de drogas e desafiou Marçal a fazer o mesmo. Ele mostrou o papel durante o programa, foi advertido pelo mediador Cesar Tralli, já que não era permitido levar qualquer objeto para o púlpito, mas não foi punido.

Nunes foi o maior alvo de ataques, mas se atrapalhou em algumas respostas e passou boa parte do debate se defendendo, com dificuldade de passar sua mensagem aos eleitores. Até nas considerações finais, o prefeito gastou parte do tempo para explicar o boletim de ocorrência por violência doméstica registrado contra ele por sua mulher, em 2011. No debate anterior, Marçal havia questionado o emedebista 10 vezes sobre o B.O. e ele não havia respondido.

Nessa quinta, Marçal citou o caso uma única vez para se esquivar da acusação feita por Boulos de que ele “tem desprezo pelas mulheres” — o influenciador coleciona falas machistas e tem alta rejeição no eleitorado feminino. Na fala final, Nunes disse que o B.O. foi fruto de um “desentendimento” quando esteve separado da mulher por alguns meses no passado e que não houve agressão.

O prefeito também foi atacado pela deputada federal Tabata Amaral (PSB), que subiu o tom em relação aos outros debates e disparou contra todos os adversários com exceção de José Luiz Datena (PSDB). O apresentador, mais uma vez, demonstrou dificuldade em impor seus temas no debate, mas teve uma postura menos dura em relação aos adversários que costuma criticar mais: Nunes e Marçal.

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O candidato Guilherme Boulos (PSol) durante comício

Leandro Paiva/Divulgação Boulos

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Ricardo Nunes (MDB), prefeito de SP, divulgando material de campanha

Campanha Ricardo Nunes

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O influenciador Pablo Marçal (PRTB) em agenda de campanha

Reprodução

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Candidato José Luiz Datena (PSDB) em campanha no Ipiranga, na zona sul de São Paulo

William Cardoso/Metrópoles

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Tabata conversa com eleitora

Jessica Bernardo / Metrópoles

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Marina Helena (Novo) promoveu um protesto na porta da TV Bandeirantes após ter sido excluída do 1º debate entre candidatos à Prefeitura de SP

Reprodução- Partido Novo

O debate teve quatro blocos nos quais os candidatos puderam escolher a quem perguntar. Dois foram com questões livres e outros dois com perguntas temáticas sorteadas pela emissora. A Globo não concedeu nenhum direito de resposta. Ao todo foram sete pedidos: três de Nunes, dois de Boulos e dois de Marçal. Em função da escalada de violência nos encontros anteriores, cada candidato foi acompanhado por apenas um assessor dentro do estúdio.

Boulos x Marçal

Inicialmente, Boulos e Nunes mantiveram a postura adotada em outros debates ao escantear Marçal e evitar questioná-lo. No primeiro bloco, por exemplo, Marçal seria o último a questionar um adversário, conforme determinado por sorteio, e coube a Datena, o penúltimo, fazer uma pergunta a ele para evitar que o candidato do PRTB ficasse sem responder.

O influenciador iniciou o programa com uma postura mais branda e falou sobre propostas, se colocando como o único candidato a fazer a campanha “sem dinheiro público” (o partido dele não tem direito ao fundo eleitoral) e sem tempo de televisão, já que o PRTB, partido de Marçal, não tem a representação mínima no Congresso para ter direito à propaganda eleitoral gratuita.

Já no terceiro bloco, Boulos precisou perguntar a Marçal por ter sido o candidato que sobrou e deu início ao maior embate do evento.

“Estou achando muito esquisito esse perfil que o Marçal apresentou aqui, de lobo em pele de cordeiro. O Marçal acusar alguém de extremista é igual a Suzane von Richthofen acusar alguém de assassinato”, disse o deputado.

Marçal, na resposta, chamou Boulos de “socialista de iPhone”, criticou o repasse de R$ 30 milhões do fundo eleitoral do PT à campanha do psolista e alfinetou a estratégia do deputado de não questioná-lo diretamente quando pôde escolher um candidato. “Você não tem coragem de fazer pergunta pra mim.”

Boulos recorreu à rejeição de Marçal entre as mulheres para dizer que é “muito claro” o desprezo do influenciador ao eleitorado feminino. Marçal respondeu que “isso é papinho de esquerdopata” e, voltando a artilharia contra Nunes, fez nova referência ao boletim de ocorrência por ameaça feito pela primeira-dama Regina Nunes ao prefeito em 2011.

“Quem não gosta de mulher é quem tem boletim de ocorrência por agressão contra a mulher”, disse o influenciador.

Tabata contra todos

Em 4º lugar nas pesquisas, Tabata não poupou críticas aos três adversários do pelotão de cima e declarou que, em todas as pesquisas, aparecia como vitoriosa em eventuais segundos turnos contra Nunes, Boulos e Marçal.

“Está todo mundo muito fofinho, apertando os olhinhos, bem bonitinho. Mas não se esqueçam de como eles se portaram nos últimos debates”, disse ela a respeito das condutas mais polidas de seus adversários, que reduziram os ataques pessoais no encontro.

Tabata disse que Nunes é “pequeno demais” para a cidade, questionou Boulos novamente sobre mudanças de posicionamento a respeito do desarmamento das polícias e atacou até mesmo Marçal, que está com o braço engessado desde o debate no qual levou uma cadeirada de Datena.

“Esse homem está a três semanas com esse gesso cenográfico”, disparou.

Marçal, por sua vez, ironizou a postura da deputada e disse que ela “tem a síndrome de Ciro Gomes de ganhar de todo mundo”, em referência ao fato de o mandatário do PDT ter se colocado como alternativa à polarização nas eleições de 2018 e 2022 e não ter sequer avançado ao segundo turno.

O único poupado por Tabata foi Datena, com quem ela teve trocas mais amistosas. O apresentador quase foi o seu vice na chapa nestas eleições, mas decidiu se lançar candidato pelo PSDB. A atuação dele no debate cumpriu tabela, com perguntas genéricas sobre os temas da cidade.

O debate

O debate da Globo foi o 11º e último encontro entre os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo antes do primeiro turno, que ocorre no domingo (6/10). Participam Guilherme Boulos (PSol), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB), Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB).

Segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (3/10), Boulos (26%), Marçal (24%) e Nunes (24%) estão tecnicamente empatados na liderança. Tabata aparece em quarto, com 11%, seguida por Datena, com 4%, e Marina Helena (Novo), com 2%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

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