São Paulo — O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em entrevista ao Metrópoles , antes de subir no carro de som para discursar na manifestação de apoiadores na Avenida Paulista, região central de São Paulo, neste domingo (6/4), abordou temas relativos à anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro, acusações de envolvimento em um golpe de Estado e ainda sobre sucessão presidencial.
Bolsonaro criticou as condenações dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, que resultaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília. Em uma de suas falas, o político comparou a atuação dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) como “tentativa de golpe”.
“Não consigo entender como um ministro votar para a condenação de até 17 anos de prisão pessoas idosas, mães que não têm passagem pela polícia. Isso é uma coisa completamente infundada. Tentativa de golpe. Há boa indicação por parte do Fux, tem pouco prazo pra entregar a sua vista. Ele vai apresentar o voto em três meses. Espero que apresente o voto semelhante ao Kássio Nunes e André Mendonça [ministros do Supremo].
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O ex-presidente foi questionado sobre o pedido de vista do processo feito pelo ministro do Supremo Luiz Fux acerca da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que o tornou réu réu, junto com outros sete aliados por planejar a suposta trama golpista para justificar o pedido de vista no julgamento que analisa a possível condenação da mulher que pichou “Perdeu, mané” na estátua “A Justiça”, que fica em frente à sede da Corte, durante os atos antidemocráticos.
Mais de 500 pessoas já foram condenadas pelo Supremo por participação nos atos antidemocráticos. As penas variam de três a 17 anos de prisão. Os crimes pelos quais foram condenados são: tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa e deterioração de patrimônio público.
Aproximação com governadores presidenciáveis
Ter Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) mais próximo nesta manifestação significa estar mais aberto para ter outros presidenciáveis ao seu lado?
“Nunca estive longe de nenhum deles. Sou candidato pelo PL. Cada um vai ser candidato pelo seu partido.”
Desempenho nas pesquisas
“Nunca acreditei em pesquisa.”
Impacto do protesto no PL da Anistia
“O movimento ‘tá’ crescendo, salta aos olhos tamanha injustiça dessas condenações por um crime impossível. Você acha uma senhora de 74 anos tem condições de dar um golpe? E que golpe é esse que o Mossad [serviço secreto israelense] não ficou sabendo? Golpe sem armas, sem tropas. Eu nomeei os militares, em dezembro [de 2022]. Eu estava nos Estados Unidos, não estava aqui.”
Benefício próprio?
“O projeto inicial não falava em meu nome. [É] para anistiar sobre os atos de 8 de janeiro. Eu estava no Brasil? Se você não responder, acabou a entrevista. Eu] não estava aqui em 8 de janeiro. Como posso ser anistiado de uma coisa que eu não estava aqui. Eu não cometi crime nenhum. Tem alguém falando? Alguém depôs? Algum delator? Busca probatória em celular? Nem assim tem eu me vinculando em 8 de janeiro.
Postura de Hugo Mota (Republicanos) nas negociações pelo PL
“Hugo Mota não atrapalha nada. O compromisso dele, de qualquer líder de casa é, havendo maioria de líderes interessados, é botar a matéria em votação.”
Derrota por urgência na Câmara
“Não teve derrota… Essa semana, a gente consegue colher assinaturas manualmente… De líderes, que tenham mais de 57 votos ou, individualmente, 257 parlamentares.”
Próximos passos
“O projeto vai ser aprovado. Eu acredito no parlamento. tem 28 lá dentro. Essas manifestações populares são favoráveis junto ao parlamento. E nós estamos procurando justiça dentro do parlamento”
Apoio de governadores
“Todos os governadores têm uma certa influência nos deputados do seu estado e do seu partido também. Então esses governadores estão aqui, apoiando a pauta da anistia. Farão gestões junto aos seus partidos para que assinem a urgência e venha a acabar com o sofrimento dessas centenas de pessoas condenadas, aguardando julgamento ou exiladas em outro país.”
Atos antidemocráticos de 8/1
“Não estava no Brasil. Estava fora. Não participei. Fiquei sabendo no fim da tarde, via redes sociais.”
Plano Verde Amarelo
“Foi encontrado uns papeis [sic] no computador de um militar, no [plano] Punhal Verde e Amarelo. Esse militar foi ouvido? Não foi ouvido.”
Delação de Mauro Cid
“Na delação, ele diz que ficou sabendo no dia 8 [de janeiro]… Uma delação que [foi realizada] pelo menos quatro vezes, né? Segundo a Carmem Lúcia [ministra do Supremo] foram nove, mas pelo menos quatro vezes, ela foi mudada, mediante constrangimento do Mauro Cid. A última, inclusive, ameaça do ministro de ver seu pai, sua esposa e seu filho serem condenados. Delação premiada, subentende-se o quê? O diz a lei? Espontaneidade, verdade e provas. Eu posso te acusar de ter assaltado um banco. Posso. E qual a prova disso? O próprio ministro Gilmar mendes, no inicio de 23, criticou as delações da Lava Jato, todas elas conseguidas, ou grande parte, com a soltura do preso, depois de assinar a delação. Então, delação dessa maneira, o próprio Supremo diz que não tem validade.”
Apoio de Trump
“Sou muito grato ao Trump. [Tivemos] dois anos juntos. Queria taxar o aço lá atras, não taxou comigo. Tinha uma boa interlocução com ele. É uma pessoa que defende a liberdade de expressão e quando alguém atenta [contra] a liberdade de expressão de gente do seu país, ele toma providencias na lei americana… Agora, a barreira não tem nada a ver com anistia. Ele taxou grande parte o mundo em 100%. G brasil foi 10[%]. Eu seria contra aquele projeto aprovado na Câmara. Mas, pela leitura que eu fiz, comercialmente vai ajudar o Brasil.”
Veja o vídeo com a entrevista: