A juíza boliviana Lilian Moreno foi presa nesta segunda-feira (5/5) em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, após anular, na última semana, uma ordem de prisão contra o ex-presidente Evo Morales, acusado de tráfico de menor. A decisão da magistrada foi posteriormente revertida por outro tribunal, e ela agora enfrenta acusações de prevaricação e desobediência a resoluções constitucionais.
Fernando Espinoza, da Promotoria Especializada em Anticorrupção, Legitimação de Ganhos Ilícitos e Crimes Tributários e Aduaneiros de La Paz, foi quem coordenou a prisão de Lilian.
Entenda o caso Evo Morales
Evo Morales, que governou a Bolívia de 2006 a 2019, é acusado de tráfico de menor, por um suposto relacionamento iniciado em 2015 com uma jovem de 15 anos, o que teria gerado uma filha no ano seguinte.
O caso havia sido arquivado, mas a investigação foi reaberta em setembro de 2024, em meio a uma forte disputa interna no partido de Evo, o Movimento ao Socialismo (MAS).
Morales não se apresenta à Justiça desde então e permanece refugiado há mais de 200 dias na região de Chapare, base histórica de seu apoio político e sindical.
A acusação também aponta que os pais da menina teriam aceitado o relacionamento em troca de vantagens pessoais.
Moreno havia aceitado um habeas corpus que anulava a imputação e o mandado de prisão contra Morales, além de rejeitar o congelamento de seus bens e a proibição de deixar o país. No entanto, sua decisão foi suspensa por outro juiz, que restabeleceu as acusações contra o ex-presidente.
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Eduardo del Castillo, ministro de Governo (Segurança), declarou que não existem garantias para prender Morales sem colocar a vida de civis em risco.
O Ministério da Justiça da Bolívia denunciou a juíza por emitir disposições fora da lei, e ela foi transferida para La Paz, onde prestará depoimento a um promotor. O procurador-geral Roger Mariaca afirmou que a prisão foi realizada com uma “resolução fundamentada”.
A prisão da juíza aprofunda a crise institucional entre o Poder Judiciário e setores políticos na Bolívia. A decisão que ela havia tomado foi revertida por outro tribunal, que restabeleceu o mandado de prisão contra Evo.