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Mensagens revelam como PMs faziam negócios com delator do PCC fuzilado

São Paulo — Mensagens de WhatsApp mostram como policiais militares investigados pelo assassinato do corretor de imóveis Vinícius Gritzbach conversavam sobre como poderiam fazer negócios com o delator do Primeiro Comando da Capital (PCC) e lucrar com seus esquemas de lavagem de dinheiro.

Em prints de conversas anexados ao inquérito policial militar, PMs indiciados por organização criminosa discutiam como apresentar “propostas de investimento” a Gritzbach, que foi morto fuzilado no Aerporto de Guarulhos, em novembro do ano passado.

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Antônio Vinícius Lopes Gritzbach voltava de uma viagem com a namorada quando foi executado na tarde de 8 de novembro, na área de desembarque do Terminal 2 do Aeroporto Internacional de São Paulo

Câmera Record/Reprodução

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Gritzbach chegou a ser preso, mas acabou liberado

TV Band/Reprodução

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Segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), Gritzbach teria mandado matar dois integrantes do PCC

Reprodução/TV Band

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O delator do PCC foi preso em 2 de fevereiro deste ano em um resort de luxo na Bahia

Reprodução/TV Band

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Empresário, preso sob suspeita de mandar matar integrantes do PCC, foi solto por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ)

Divulgação

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Corpo de rival do PCC executado no aeroporto

Leonardo Amaro/ Metrópoles

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Corpo de rival do PCC morto em desembarque de aeroporto

Leonardo Amaro/ Metrópoles

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Delator do PCC foi morto no Aeroporto de Guarulhos

Reprodução

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Corpo de rival do PCC morto em desembarque de aeroporto

Reprodução

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Reprodução

 

Em data não especificada, o tenente Giovanni de Oliveira Garcia disse que estava “100%” certo que Gritzbach fecharia negócio com o tenente Fernando Genauro da Silva para a realização de uma obra em um imóvel no Guarujá, litoral sul de São Paulo.

Garcia é apontado como o responsável por organizar a escala de policiais militares que faziam a segurança de Gritzbach. Genauro teria atuado como o motorista do veículo usado na execução do delator do PCC, que também denunciou corrupção de policiais civis antes de ser assassinado.

“Ele vai contratar”, afirma Garcia a Genauro. “Ele vai arrumar a documentação. Mas já aprovou. Pode ir planejando aí. Semana que vem a doc (documentação) está pronta”.

“Qual a chance de a gente pegar essa obra, mano ‘Garça’?”, questiona Genauro em outro print. “100%. Ele desenrola até semana que vem. Vai querer conhecer vocês”, responde Garcia.

Veja as mensagens abaixo

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Mensagens trocadas entre Giovanni Garcia e Fernando Genauro

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Mensagens trocadas entre Giovanni Garcia e Fernando Genauro

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Mensagens trocadas entre Giovanni Garcia e Fernando Genauro

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Pelas mensagens, não é possível saber se o negócio com Gritzbach foi fechado. Ainda assim, o relatório final do inquérito policial militar fala em negociações “para ocultar patrimônio, com menção à busca de terrenos, projetos e investimentos para serem atribuídos a terceiros, de modo que o nome de Gritzbach não aparecesse nos registros”.

“Com base nos diálogos extraídos das imagens encaminhadas, é possível concluir que os interlocutores tratam sobre uma transação imobiliária envolvendo investimento financeiro e a formalização documental em nome de um terceiro identificado como ‘Vini’, tratando-se de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach”, diz o relatório final do inquérito policial militar.

Em um dos prints, Garcia menciona Emílio Congorra Castilho, o Cigarreiro, traficante ligado ao PCC e apontado como um dos mandantes do assassinato de Gritzbach. O tenente pede que Genauro faça uma proposta de investimento para Gritzbach, mas alerta sobre o risco de que Cigarreiro ficasse sabendo.

“Gege (Fernando Genauro), chama seu sócio, acha um terreno + investimento para eu mandar para o Vini (Vinícius Gritzbach). Tá difícil de sair o doc do prédio, está para resolver, mas tem algo que está travando, não sei exatamente o que. O cara está com medo de passar para o nome do Vini, e o Cigarreiro sabendo que ele ajudou”, diz Garcia.

Sobre essa mensagem, o relatório de investigação afirma que o temor e relação ao traficante ligado ao PCC “evidencia a tensão interna e o risco de retaliações conhecido tanto por Genauro quanto por Garcia”.

Indiciamento

No último dia 15 de abril, Giovanni de Oliveira Garcia, Fernando Genauro e outras 14 pessoas foram indiciados por organização criminosa. Apesar das suspeitas, as investigações da Polícia Militar e da Polícia Civil não apontaram o envolvimento de Garcia e dos PMs que atuavam como seguranças de Gritzbach no homicídio.

Os três policiais acusados de participação direta no homicídio, Denis Martins, Ruan Silva e Fernando Genauro, foram indiciados por organização criminosa para a prática de violência. O trio também vai responder na Justiça comum pelo homicídio qualificado.

Quem era Vinícius Gritzbach

Jurado de morte pelo PCC, o corretor de imóveis Vinícius Grtizbach foi morto com 10 tiros de fuzil no Aeroporto de Guarulhos, em 8 de novembro do ano passado.
Os mandantes do assassinato, de acordo com a Polícia Civil, foram os integrantes da facção João Congorra Castilho, o Cigarreio, e Diego Santos Alves, o Didi.
Após atuar durante anos lavando dinheiro para o PCC, Gritzbach entrou na mira da facção após ser acusado de desviar um investimento milionário dos criminosos e de encomendar o assassinato do traficante Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, em dezembro de 2021.
Além disso, em 2024, Gritzbach firmou um acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo (MPSP) em que prometia dar detalhes sobre o funcionamento da cúpula da facção na zona leste da capital.
A execução trouxe a tona um esquema envolvendo policiais da inteligência da Rota que atuavam vazando informações em benefícios de chefões do crime organizado.

 

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