A Polícia Federal (PF) investiga o uso de Bets pelo grupo de Willian Barile Agati para lavar dinheiro de um esquema de tráfico internacional de drogas.
Agati, apontado como o concierge da cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC), foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) como líder do grupo.
Ele ficou conhecido como concierge, espécie de faz-tudo de lideranças do PCC, após um delator afirmar que ele prestava diversos serviços à organização criminosa.
Como mostrou a coluna, após a denúncia do MPF pelo esquema de tráfico, a PF agora investiga a lavagem de dinheiro do tráfico pelo grupo de Agati.
Para avançar na investigação, a PF pediu o sequestro de bens de empresas que seriam ligadas a Agati. É nesse pedido que os investigadores citam o suposto uso de Bets para lavagem de dinheiro do tráfico internacional de drogas.
A coluna apurou que a PF encontrou indícios de que Willian Barile AgatiI e Tharek Mourad Mourad utilizam casas de apostas e cassinos virtuais, popularmente conhecidos como bets, para lavar valores do tráfico.
Tharek Mourad, citado pela PF, é apontado como um doleiro que atuava na lavagem de dinheiro para Agati e aparece em conversas encontradas em celulares e aparelhos eletrônicos apreendidos.
“O investigado Tharek Mourad Mourad é o principal operador financeiro da organização criminosa no âmbito do tráfico internacional de drogas, sendo ele o doleiro responsável por coordenar e executar os pagamentos de valores provenientes das remessas de cocaína para o exterior, viabilizando tanto a entrega quanto o recebimento de dinheiro em espécie, notadamente por meio de operação dólar-cabo”, diz a PF.
Willian Barile Agati, conhecido como o “concierge do crime”
Agati e Mourad são apontados como sócios em diversas empresas utilizadas, segundo o MPF, para “promover a ocultação da origem, localização, disposição, movimentação e propriedade de valores oriundos do tráfico internacional de drogas, de modo a impossibilitar o rastreio da origem dos recursos e ligá-las a remessas dos pagamentos por parte dos clientes da organização criminosa destinatários do entorpecente.”
Mourad já havia sido alvo de outra operação, a Downtown de 2008, por causa de sua atuação como doleiro por meio de operações de dólar-cabo.
Na operação Mafiusi, ele foi denunciado ao lado de Agati. O MPF afirma que Mourad “tem amplo conhecimento da estrutura complexa da organização, com vários níveis de hierarquia e pessoas envolvidas em diversas funções.”
“Ele exerce controle financeiro sobre empresas de fachada, o que reforça o grau de importância da sua figura dentro do grupo. No caso, segundo apurado, para movimentar grandes quantias de recursos ilícitos, o grupo emprega diversas pessoas jurídicas de fachada e uma rede de laranjas”, diz o MPF.
Defesa
Eduardo Maurício, advogado que defende Willian Agati, disse á coluna que seu cliente é “inocente, nunca praticou nenhum crime nem sequer relacionado à Bets ou de qualquer outra natureza”.
Segundo ele, Agati é um empresário “idôneo em diversos ramos de negócios lícitos supostamente perseguido por uma investigação ilegal e abusiva.”