Em 1966, o Teatro Nacional Claudio Santoro – na época Teatro Nacional de Brasília – era inaugurado com a abertura da Sala Martins Pena. Cinquenta e oito anos depois, a história se repete. O complexo cultural volta ao circuito na noite desta sexta-feira (20), depois de quase 11 anos fechado, com a reinauguração da Sala Martins Pena, primeiro espaço a ser restaurado pelo Governo do Distrito Federal (GDF). O ato contou com apresentação da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro (OSTNCS) e da dupla Chitãozinho e Xororó.
A cerimônia contou com a presença do governador Ibaneis Rocha, que reabriu oficialmente a sala. O chefe do Executivo também assinou a reestruturação da carreira dos músicos da OSTNCS.
Na ocasião, o governador destacou a continuidade das obras com a publicação do edital de licitação da segunda etapa, que inclui todo o corpo do teatro: as salas Villa-Lobos e Alberto Nepomuceno, o foyer da Villa-Lobos e o Espaço Dercy Gonçalves. O documento foi publicado na última quarta-feira (18) no Diário Oficial do DF (DODF).
“Para nós é um momento simbólico aqui para o Distrito Federal. O Mateus [filho do governador], eu estava contando os anos, ele não era nascido ainda, nós estávamos há 10 anos com o Teatro fechado. Com esforços do nosso governo, estamos reabrindo hoje a Martins Pena, já publicamos o edital para toda a reforma, são R$ 315 milhões com dinheiro dos cofres do Distrito Federal, e a gente espera no prazo de 3 anos estar aqui comemorando a reabertura desse que é um marco da nossa cidade”, disse Ibaneis Rocha.
“Eu falei que eu não pisava o pé aqui, me chamaram várias vezes para ver a obra, enquanto não estivesse lançado o edital da segunda fase. E conseguimos os recursos e vamos fazer. Muita alegria”, complementou.
A primeira etapa da obra contemplou a restauração da Sala Martins Pena e seu respectivo foyer, e a adequação da infraestrutura do teatro, que descumpria as normas vigentes de segurança, combate a incêndio e acessibilidade. Os trabalhos tiveram duração de dois anos e seguiram as diretrizes para respeitar o tombamento do equipamento público. Foram investidos R$ 70 milhões pelo GDF.
“É uma sinalização muito forte de um governo que apoia a cultura e que vê na cultura não só um vetor econômico, mas também um elemento de desenvolvimento da sociedade”
Claudio Abrantes, secretário de Cultura e Economia Criativa
Saídas de emergência, reservatório de incêndio, sala de geradores, elevadores e espaços acessíveis foram construídos. Também foram renovadas as instalações elétrica, hidráulica e de águas pluviais, bem como os sistemas de ar-condicionado, de exaustão de ar, de incêndio, de água gelada e de abastecimento de energia.
As emblemáticas poltronas foram substituídas respeitando a originalidade da cor e do design, mas incorporando modificações para atender às normas e a ergonomia. As mudanças proporcionaram a ampliação da capacidade para 470 lugares, além de mais 10 nas áreas específicas para pessoas com deficiência (PcDs).
Com a reforma, a Sala Martins Pena está entre as mais modernas do país, com equipamentos cênicos de ponta, conforto sonoro para frequentadores e artistas e itens retardantes de chamas em caso de incêndio.
Acesso à cultura
O secretário de Cultura e Economia Criativa, Claudio Abrantes, destacou que a entrega da Sala Martins Pena representa o governo cumprindo seu papel de garantir acesso à cultura aos cidadãos. “É uma sinalização muito forte de um governo que apoia a cultura e que vê na cultura não só um vetor econômico, mas também um elemento de desenvolvimento da sociedade”, afirmou.
GDF lança edital de licitação da segunda etapa da obra do Teatro Nacional
Operários veem a concretização do trabalho na obra do Teatro Nacional durante concerto na Martins Pena
Abrantes revelou ainda que a reabertura já movimenta o setor cultural da cidade. “A gente tem uma demanda muito grande de pedidos para o próximo ano. A sala aberta aquece o mercado cultural para produções locais, nacionais e até internacionais”, afirmou. Segundo o titular da Cultura e Economia Criativa, após uma fase de testes, o espaço estará disponível para a programação a partir de fevereiro.
Coube à dupla Chitãozinho e Xororó, acompanhada da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, fazer o relançamento da sala. O show integra a programação do Projeto Viva o Teatro, que terá apresentações gratuitas nos dias 21, 22, 23 e 26, com nomes como Almir Sater, Os Melhores do Mundo e Plebe Rude, além de apresentação de dança.
História
O Teatro Nacional Claudio Santoro (TNCS) foi projetado por Oscar Niemeyer em 1958, para ser o principal equipamento cultural da nova capital do Brasil. Foi chamado inicialmente de Teatro Nacional de Brasília, mas, a partir de 1989, mudou de nome em homenagem ao maestro e compositor que fundou a orquestra sinfônica do Teatro.
O espaço também presta tributo aos compositores Heitor Villa-Lobos e Alberto Nepomuceno e ao dramaturgo Martins Pena, que dão nome às salas do equipamento público, e à atriz Dercy Gonçalves, que batiza o mezanino.
Ao longo da história, o Teatro Nacional recebeu grandes nomes da música, da dança e do teatro – entre outros, Mercedes Sosa, Balé Bolshoi, Ópera de Paris, Fernanda Montenegro, Dulcina de Moraes, João Gilberto, Caetano Veloso e Maria Bethânia.